2015 já havia sido de recordes de temperaturas, desde que se iniciaram as medições. E, o primeiro trimestre deste ano, já foi mais abafado do que o começo de 2015. O instituto de meteorologia do Reino Unido afirma que a expectativa é que 2016 termine com temperaturas mais altas do que o ano que passou. A meteorologista do Simepar, Beatriz Porto, confirma que a sensação de calor continua alta. Mas, ela ressalta que o outono é um período de transição. E que, no começo da estação, as temperaturas mais altas são esperadas.

O Ministério da Ciência e Tecnologia informou que o fenômeno El Niño vai continuar alterando o clima ao longo de 2016. Se no norte e nordeste ele vai contribuir para estiagem, aqui no Sul a tendência é que ele represente aumento no volume de chuvas. Apesar disso, Beatriz ressalta que a fase mais agressiva do El Niño já ficou para trás.

No ano passado, a Conferência sobre Mudança do Clima da ONU, a COP-21, debateu os recordes de temperatura. Para tentar amenizar as consequências, os países estabeleceram o chamado Acordo de Paris. Ele prevê que a temperatura não pode atingir dois graus acima da era industrial, ainda no século 19. A perspectiva para 2016 é que o aumento chegue perto de 1,14 graus. O coordenador de conservação da Fundação Grupo Boticário, Guilherme Karan, indica que é preciso preparar as pessoas para as mudanças climáticas.

Ele cobra alterações nas políticas públicas dos países. Mudanças na matriz energética, por exemplo, e que evitem a dependência de produção termelétrica, como aconteceu no Brasil diante da falta de chuvas até o primeiro trimestre deste ano.

O impacto das mudanças climáticas também fica claro no bolso do brasileiro. Produtos básicos da dieta do dia-a-dia, como arroz, feijão, bife, batata frita e salada, ficaram 20% mais caros no ano passado, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA-15. Essa alta significa quase o dobro da inflação.