O anúncio de que o Governo Federal está preparando um pacote de medidas para estimular a venda de carros novos no Brasil deve ser um “tiro no pé”, de acordo com especialistas ouvidos pela BandNews FM. Os primeiros detalhes do programa foram divulgados ontem (quarta) durante um balanço da Fenabrave, a federação que reúne as distribuidoras de veículos de todo o país. O projeto está sendo elaborado pelo Governo Federal junto de outras 19 entidades do setor, mas não deve ter um resultado consistente de acordo com a economista Sólida dos Santos, que coordena o curso de economia da FAE.

O último programa de estímulo à venda de carros ocorreu em 2014, quando o economista Guido Mantega ainda era ministro da Fazenda. A expectativa com este novo projeto é reverter a queda de 26% nos emplacamentos de carros novos no ano passado.

A opinião da economista Sólida dos Santos é compartilhada pelo vice-presidente da Federação Nacional dos Economistas, Edson Roffé Borges. Para ele, falta o Governo combinar isso com os consumidores. Ou seja, convencer a população a comprar carros novos.

Estimativas da Fenabrave e do Governo Federal é vender pelo menos 500 mil carros novos ao ano, se o programa for aprovado. A medida deve beneficiar principalmente o polo automotivo de Curitiba, que é o terceiro maior do país. As montadoras como Renault, Volkswagen e Audi, além da fabricante de caminhões Volvo, aguardam com otimismo o avanço do projeto. O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, explica como deve funcionar a renovação da frota.

A crise na indústria de veículos automotores atingiu também o setor de agronegócio. Pelo menos seis montadoras cancelaram a presença no Show Rural de Cascavel, neste ano. A feira, considerada uma das maiores do estado, terá um foco mais voltado para a tecnologia de acordo com o presidente da cooperativa, Dilvo Groli.

Dados preliminares da Fenabrave apontam que um fundo será criado para garantir crédito aos motoristas que queiram trocar de carro. A federação esclarece que não haverá recursos do Governo Federal. Caso o programa não seja implantado, as vendas de carros novos devem ter em 2016 mais uma queda, em torno de 5,9%.