A Polícia Civil do Paraná deve pedir nos próximos dias as informações relacionadas ao inquérito do caso Leandro Bossi, arquivado pela justiça. A investigação será reaberta para apurar eventual crime de homicídio e ficará a cargo da delegacia de Guaratuba, no litoral do Estado. Leandro Bossi desapareceu em 15 de fevereiro de 1992, durante um show. Ele tinha sete anos de idade. Menos de dois meses depois, foi registrado o desaparecimento de outra criança na cidade, o menino Evandro Ramos Caetano, de seis anos.

O corpo de Evandro foi encontrado cinco dias depois, em 11 de abril, em um matagal, sem vários órgãos e com os pés e mãos amputados. O caso teve grande repercussão e a morte chegou a ser ligada a rituais religiosos, mãe, filha e três pais de santo foram presos suspeitos de participação no crime. Elas ficaram conhecidas como as bruxas de Guaratuba e somente anos depois foram inocentadas.

No mesmo local onde o corpo de Evandro foi encontrado, em fevereiro do ano seguinte, foi encontrada uma ossada e a suspeita é de que eram de Leandro. Mas na época, um exame de DNA constatou que os ossos pertenciam a uma menina. Somente agora, 30 anos depois, por conta de uma campanha nacional que visa encontrar pessoas desaparecidas, os fragmentos foram encaminhados para uma nova análise no laboratório da Polícia Federal em Brasília.

Lá foram submetidos a um exame de DNA mitocondrial, que é considerado mais sensível e assertivo, mesmo no caso de material bastante deteriorado. Estes fragmentos foram comparados então com o material genético da mãe de Leandro e apresentaram compatibilidade de 99,99%, conforme explica o secretário de Segurança Pública do Paraná, Wagner Mesquita.

O irmão de Leandro, Lucas Bossi questiona a polícia ter levado tanto tempo para elucidar o caso, tendo em vista que essa ossada foi encontrada um ano após o crime. E passou todo esse tempo em poder da polícia científica.

Por meio de nota a Secretaria da Segurança Pública (Sesp) informou que tem como política pública de segurança a busca da verdade real, ainda que se trate de casos antigos e eventualmente arquivados. Disse ainda que tem utilizado todos os recursos tecnológicos disponíveis para elucidação de autoria e circunstâncias dos delitos cometidos no Paraná. Restam 26 crianças desaparecidas no Estado. Outros sete fragmentos ósseos estão sendo analisados em Brasília e serão comparados com amostras genéticas das famílias.