Poliomielite: Paraná vacinou mais do que o número de crianças
1/3 das cidades tem mais de 100% das crianças vacinadas, segundo Ministério da Saúde
A atual campanha de vacinação contra a poliomielite no Paraná tem 72,5% de cobertura vacinal, segundo dados do Ministério da Saúde. O público alvo é a população menor de 5 anos, a meta é atingir 95% desse público. Bocaiúva do Sul tem o pior índice, 28,34%, Curitiba aparece como sexta cidade com menor cobertura, com 47,46%.
Apesar de estes números já serem preocupantes, do outro lado, entre os municípios que mais vacinaram do estado, 136 estão com índice acima de 100%. Ou seja, mais de um terço do estado informou que vacinou mais crianças do que a estimativa populacional. A BandNews Curitiba questionou a Secretaria de Estado da Saúde sobre esta inconsistência nos dados. Segundo a pasta, há dois possíveis fatores para o aparecimento destes números.
O primeiro deles é a estimativa populacional defasada. Para menores de 1 ano, a referência da Secretaria é o Sistema de Informação dos Nascidos Vivos (SINASC). Já para a população entre 1 e 4 anos o número utilizado é o do IBGE. Como o Censo está atrasado e o último foi realizado em 2010, a secretaria indica que pode ser que a estimativa populacional não corresponda ao número de crianças que nasceram. Além disso, a Saúde também considerou que pode ter havido erro nos registros.
A infectologista Viviane de Macedo avalia que a falta de precisão dos dados pode levar a erros na estratégia de vacinação do estado.
Segundo a médica, outros estados também estão apresentando dados que destoam da realidade. A cidade que tem o maior índice de vacinação contra a poliomielite no estado é Altamira do Paraná, no Centro-Oeste do estado, com 172,38%, ou seja a cidade vacinou quase o dobro da população estimada.
Com a estimativa incorreta da população o planejamento fica prejudicado, com gastos excessivos e desperdício de vacinas com a estimativa é maior que a realidade ou com com falta de doses para todo mundo que precisa, quando a estimativa é menor do que a população. O pior cenário é acreditar que a população está protegida por conta de um índice que não corresponde à realidade. A médica indica que é preciso mudar a forma de registro da vacinação, que é feito em lote depois da aplicação das vacinas e fortalecer a saúde básica para reforçar a adesão a essa e outras vacinas.
Sobre os baixos índices de vacinação na capital, a Secretaria de Saúde do Município disse que eles se referem apenas às doses de reforço (gotinhas) e que as doses e rotina(injetadas) têm índice de cobertura de 86.7%. A pasta tem convocado as famílias a levarem todas as crianças menores de 5 anos para atualização da vacinação, não apenas desta, mas de todas as vacinas do cronograma nacional. Entre as ações para ampliar a cobertura vacinal, 10 unidades de saúde tem horário estendido até às 9 horas da noite. Também haverá vacinação neste sábado, 19 unidades abrem das 9h às 17h.
Repórter Amanda Yargas