Segunda sentença da Lava Jato condena doleira a 18 anos de prisão
A doleira Nelma Kodama foi condenada a 18 anos de prisão em uma das ações penais que fazem parte da Operação Lava Jato. A decisão, divulgada na tarde desta quarta-feira, trata do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas em que ela era a principal operadora no mercado negro de câmbio. Em apenas sete meses, ela teria mandado ao exterior, no ano passado, mais de 5 milhões de dólares em 91 operações fraudulentas.
De acordo com a decisão do juiz federal Sérgio Moro, os crimes envolveram “sofisticada engenharia financeira, com abertura de empresa de fachada no Brasil […] e em nome de off-shores no exterior e nome de terceiros”.
Segundo dados do Conselho de Controle de Atividades Financeiras, as empresas de fachada dela teriam movimentado cerca de R$ 103 milhões entre os anos de 2012 e 2013. Nelma era uma das parceiras do doleiro Alberto Youssef. Ela foi condenada, ainda, a uma multa de R$ 1,810 milhão.
“Somadas as penas em concurso material tem-se dezoito anos de reclusão dias de reclusão e quinhentos dias multa, como definitivas para Nelma Mitsue Penasso Kodama.
Fixo, com base no art. 33 do Código Penal, o regime inicial fechado para o cumprimento da pena.
Fixo o dia multa em cinco salários mínimos (cada salário mínimo a R$ 724) vigentes ao tempo do último fato delitivo (03/2014), considerando a elevada capacidade econômica da condenada, o que é revelado pela dimensão de suas atividades e patrimônio sequestrado.”
Nelma está presa desde março, quando a Operação Lava Jato foi deflagrada e ela detida no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, tentando embarcar para a Itália com cerca de € 200 mil (Euros) escondidos na calcinha. A doleira está presa na Casa de Custódia de Piraquara, na Grande Curitiba. O advogado dela, Marden Espér Naués, criticou a decisão, dizendo que a pena só foi assim elevada porque Nela Kodama se recusou a fechar um acordo de delação premiada. E afirmou que vai recorrer.
Além de Nelma, a mãe dela, Maria Dirce Penasso, também foi condenada a pouco mais de dois anos de prisão. A pena poderá ser revertida em serviços comunitários, e a defesa vai recorrer da decisão. Outra funcionária da doleira, Iara Galdino, foi condenada a 11 anos de prisão e multada em 260 mil reais. O advogado dela, Hélio Mendes da Silva, não foi encontrado pela reportagem.
A decisão também condenou o motorista de Nelma, Cleverson Coelho de Oliveira, a cinco anos de detenção e uma multa de pouco mais de 21 mil reais. A defesa dele, por meio do advogado André Luis de Souza, não retornou as ligações da BandNews FM. Outros três réus julgados nesta ação, Faiçal Mohamed Nercidine, Juliana Cordeiro de Moura e Rinaldo Gonçalves de Carvalho, também foram condenados e terão as penas convertidas em serviços comunitários.
Outro operador que trabalhava com Nelma, o Luccas Pace Junior, fechou um acordo de delação premiada e teve uma pena reduzida para um ano e meio de prisão em regime semiaberto.
Esta é a segunda sentença dentro da Operação Lava Jato. Na terça, na primeira ação penal das dez que são apuradas, o doleiro Alberto Youssef foi absolvido dos crimes de lavagem de dinheiro e tráfico internacional de drogas por falta de provas. No entanto, outras três pessoas ligadas a ele foram condenadas.