A atualização do Qualis, o ranking da Capes das revistas científicas do país, provocou estranhamento e preocupação no meio acadêmico-científico. A nova classificação têm sido alvo de críticas por distorções entre periódicos com trabalho consolidado e outras publicações menos criteriosas, além da avaliação incompatível com outras análises internacionais. Uma das mudanças foi que a classificação passou a ser dividida em 49 áreas, podendo a mesma publicação ter conceitos diferentes em cada área, segundo o pró-reitor de Pós Graduação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Francisco de Assis Mendonça.

De acordo com a Capes, a listagem reflete avaliação quadrienal realizada entre 2017-2020, e teve a publicação atrasada por conta da pandemia. No entanto, mesmo enviando dados novos, algumas publicações receberam conceitos defasados, explica o pró-reitor.

É o caso das revistas científicas do Programa de Pós-Graduação em Direito da UniBrasil. Uma revista que parou de ser publicada e tinha conceito mais baixo recebeu um conceito superior à revista que está ativa e passa por um processo mais criterioso de edição, como aponta o coordenador do programa, prof Bruno Lorenzetto.

De acordo com a Capes, o Qualis serve para avaliar os programas de pós-graduação e não é recomendado o uso do ranking como referência para outras situações. No entanto, na prática, o coordenador conta que a classificação serve como base para vários conceitos acadêmicos.

Em nota, a Capes disse que os critérios de avaliação foram divulgados há cerca de duas semanas, no dia 20 de janeiro, e foram foco de um debate realizado na área acadêmica e científica, com grupos de trabalho sobre o assunto desde 2015.
Os critérios foram aprovados por um conselho técnico-científico com 18 especialistas, um representante da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) e um do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop). Além disso, a Capes reiterou que está empenhada na avaliação dos recursos, para garantir a melhoria do sistema de avaliação.

Reportagem: Amanda Yargas