Adaptação da peça “WERTHER” relata a ambiguidade do amor
Drama que cegou de amor o jovem Werther volta aos palcos no Festival de Curitiba
O precursor do romantismo volta aos palcos na direção delicada de João Luiz Fiani. A adaptação de Paulo Venturelli, que já contou com duas indicações à premiação paranaense Gralha Azul, apresenta as vivências de um jovem perdido em seus pensamentos e emoções, contando através de cartas os relatos de um coração à procura do que lhe falta. Cada ser humano vive a sua particularidade, mas há algo que une a todos: o amor. Werther vem mais uma vez mostrar ao público que esse sentimento nem sempre será a salvação, mas, sim, a perdição da alma.
Produções locais e ainda mais monólogos dificilmente são a opção preferida do público no Festival de Teatro de Curitiba. Mas quando o assunto é o amor, e mais especificamente ainda aquele não correspondido, há uma identificação dos espectadores, notada por algumas lágrimas na plateia. Segundo a atriz Laura Veiga, que é também estudante de Artes Cênicas e iluminadora, o cenário simples e belo, a atuação intensa, juntamente ao trabalho de respiração, traz uma conexão belíssima com a história apresentada. “O texto é muito bom e profundo, prende a plateia”, comenta.
Nessa nova montagem do espetáculo, o ator escolhido para interpretar o jovem Werther foi Lucas Cardoso que ingressou na carreira de ator aos 8 anos de idade. Ele conta que, por volta de 2016, teve que dar uma pausa na vida artística para cuidar de outros interesses. Mas não ficou muito tempo longe dos palcos e, quando voltou, sentiu a necessidade de comunicar algo em seus trabalhos, de passar uma mensagem. Logo surgiu o convite para interpretar esse clássico de Goethe. Desafio e medo sempre o moveram e, assim, aceitou entrar no processo.
Para o ator, um dos maiores desafios não está relacionado a estar sozinho no palco e dar conta disso e, sim, em construir o personagem de dentro para fora, buscando muito mais do que gestos, corpo ou vozes. “A chave para interpretá-lo é senti-lo verdadeiramente. Werther é pura emoção”. Lucas pensa em levar o legado do jovem romântico à frente. Para ele, que teve o espetáculo como um dos primeiros que assistiu, é uma honra estar vivendo o personagem envolto em altos e baixos.
Com o retorno da peça, Lucas Cardoso espera que as pessoas entendam o valor do teatro e o busquem, não apenas durante o Festival de Curitiba, mas também posteriormente. Ao ser perguntado sobre o que diria ao jovem Werther, ele destaca que quando o romance foi publicado, no século XVIII, houve um grande número de suicídios, pois as pessoas da época ainda não haviam se deparado com um texto que falava de amor com tal fervor e queriam viver aquilo, por mais louco que pudesse ser.
O protagonista explica que na obra o amor é romantizado e banalizado, ele pode te fazer completo, mas pode destruí-lo, todo mundo vai amar intensamente e não há comparativos, mas nem sempre vai valer a pena. Lucas menciona ainda que, se fosse um amigo de Werther, diria que todo mundo pode amar, mas que precisa retomar as rédeas de sua vida. “Tentaria estar próximo e abraçá-lo, nunca se sabe o que se passa na cabeça de alguém, mas é muito cruel”.
Serviço:
Evento: WERTHER – drama
Data: 01, 02, 03 e 08, 09 e 10 de abril
Horário: 18 h
Local: Teatro João Luiz Fiani – Shopping Novo Batel
Texto: Paulo Venturelli
Direção: João Luiz Fiani
Classificação: 14 anos
Duração: 50 minutos
Valor do ingresso: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)
A reportagem faz parte do projeto especial para o site bandnewsfm feita em parceria com estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O texto é de Hellen Taborda.