A Polícia Federal pretende ouvir na semana que vem, em São Paulo, a esposa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia, e o filho do casal Fábio Luís. Eles devem ser intimados no inquérito aberto em Curitiba para investigar a real propriedade do sítio Santa Bárbara, em Atibaia, no interior de São Paulo, frequentado pela família de Lula. A Polícia Federal também intimou para depoimentos os empresários Jonas Leite Suassuna Filho e Fernando Bittar, que constam nos registros imobiliários como os donos da propriedade. As intimações foram determinadas pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, da Força Tarefa Lava Jato em Curitiba.

A investigação sobre o sítio em Atibaia está relacionada à 24.ª fase da operação, deflagrada em 4 de março deste ano, quando o ex-presidente Lula foi levado a depor por condução coercitiva. A Polícia Federal e o Ministério Público Federal suspeitam que o sítio tenha sido dado a Lula em troca de contratos fechados pela Odebrecht e pela OAS com a Petrobras. O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende Marisa Letícia e Fábio Luís, diz que a intimação ainda não foi formalizada.

Segundo a Polícia Federal, não há exigência legal de uma intimação formal. Zanin Martins afirma que o inquérito deveria se restringir a apurar a propriedade do sítio. Segundo ele, não há justificativa jurídica para incluir os filhos do ex-presidente Lula na investigação, que deveria se limitar ao escopo inicial do inquérito.

O advogado Alberto Zacharias Toron confirmou que o empresário Fernando Bittar vai prestar esclarecimentos à Polícia Federal, mas não quis comentar a intimação ou revelar a data agendada. O escritório Bergher&Mattos protocolou um documento no processo pedindo que o depoimento do empresário Jonas Leite Suassuna Filho seja tomado no Rio de Janeiro, onde ele mora e trabalha.

Segundo os advogados, Suassuna não poderia estar em São Paulo no período determinado pela Polícia Federal – de segunda a quarta da semana que vem (15 a 17 de agosto). Além dos depoimentos, o delegado Márcio Anselmo determinou a realização de perícias econômico-financeiras em documentos bancários e fiscais obtidos na 24.ª fase da lava Jato.