Filas podem explicar aumento das abstenções, aponta especialista
Segundo o TSE, 262.329 pessoas não foram votar no domingo (2) em Curitiba
As filas generalizadas em seções eleitorais no último domingo (2) podem estar entre as principais explicações para o aumento das abstenções em Curitiba. Conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 262.329 (18,56%) de pessoas não foram votar no 1º turno. Em 2018, o número chegou a 226.320 (16,90%), ou seja, um aumento de quase 10% nas abstenções.
Durante o domingo (2), eleitores relataram espera superior a 1h para votar. Era comum observar filas do lado de fora dos colégios. Para o cientista político, Doacir Gonçalves de Quadros, é possível que eleitores tenham desistido de votar diante da demora nos locais.
Diferente dos votos brancos e nulos que servem apenas para estatística, as eventuais desistências podem ter influenciado no resultado final. Para o cientista, se algum eleitor estava convicto do voto e decidiu não votar pela demora, isso pode sim resultar em menos votos para determinado candidato.
Problemas na detecção correta da biometria e os segundos a mais na hora de votar também podem entrar na lista de explicações do aumento de eleitores que não votaram. Segundo o TSE, caso a biometria do eleitor não fosse reconhecida de imediato os mesários precisariam fazer mais duas tentativas. Se ainda assim não fosse possível dar andamento, a presidente da mesa de votação utilizava a própria digital e liberava o sistema para que o eleitor pudesse votar. Todos esses procedimentos podem ter contribuído para atrasos não esperados em cada uma das seções eleitorais.
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O número de eleitores que deixaram de votar no Paraná também aumento neste ano, em comparação com as últimas eleições gerais. Segundo dados da Justiça Eleitoral, 1.651.892 não foram às urnas no domingo (2), quase 20% do eleitorado apto a votar no Paraná.
Em 20 anos o número de abstenções cresceu 53%. Levantamento feito pela BandNews FM apontou que em 2002 pouco mais de 1.078.000 pessoas deixaram de votar, na época cerca de 16% do eleitorado. A partir dessa eleição as abstenções apenas cresceram: em 2006 alcançou 1.153.861 (16,2%); em 2010 1.250.376 (16,46%); já em 2014 1.324.920 (16,85%); e em 2018 1.351.508 (16,96%).
Apesar do crescimento observado entre as abstenções, os votos brancos e nulos diminuíram no Paraná na comparação das últimas duas eleições gerais. Neste ano foram registrados 152.885 (2,24%) votos brancos e 108.894 (1,59%) nulos – números menores que os registrados em 2018: 366.334 (5,54%) brancos e 550.549 (8,32%) nulos.
Reportagem: Leonardo Gomes.