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Karaíba: representatividade sobre povos indígenas traz questionamentos ao público 

Peça indígena estreia nos palcos curitibanos e nos faz refletir de onde viemos

 Karaíba: representatividade sobre povos indígenas traz questionamentos ao público 

Foto: Maria Pohler

Imagina comigo, um espetáculo indígena, onde das 27 pessoas da ficha técnica, 17 são descendentes dos realmente donos desse país. Crítica e imaginação estão presentes no espetáculo que fez sua estreia no Festival de Curitiba nos dias 28 e 29 de março.

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Logo no início das apresentações, o diretor Rafael Bacelar convida o público a assistir sem distrações. Os responsáveis por dar vida a essa história são os atores indígenas Jessica Meireles, Ludmilla D’Angelis, Yumu Apurinã e Danilo Canindé.

A quebra da quarta parede, como é chamado no cinema, é algo que acontece em diversos momentos da peça. A narradora pergunta o nome e sobrenome de alguém na plateia, e o significado, como uma conversa de onde você veio e como se determina. O diálogo é importante e conversa não só com os artistas, mas com todo público que estava ali assistindo, buscando suas origens e tentando fazer com que o público esteja presente dentro da história.

“A descoberta do Brasil”, é assim que nos é contado nas escolas, com uma visão sempre do europeu, mas e os povos que já estavam aqui? Como foi enfrentar esses “novos inimigos”? É exatamente isso que a peça traz em sua narrativa.

Questionar um espaço que lhes foi tirado e seu povo que foi morto, escravizado e tratado como inferior por aqueles que chegavam em suas caravelas. Dessa forma, em todo tempo a crítica é destacada na história do nosso país que um dia foi chamado de Pindorama, terra das palmeiras e que um dia habitou mais de 55 milhões de povos originários dessa terra.

O espetáculo faz quem assiste se questionar: sabemos de onde viemos? Qual história nos foi contada e o que foi silenciado? Diversos contestamentos surgem conforme a peça segue, mas a certeza de que “todo território é terra indígena” é algo que fica claro do início ao fim.

Foto: Maria Pohler

Assim que a peça termina fica ainda mais evidente na mente de quem assistiu, a importância de uma peça que fala sobre isso e aborda temas acerca do que foi feito com os indígenas pelos povos estrangeiros.

Com quase todas as músicas autorais e coreografias pensadas e idealizadas em uma criação coletiva, cada movimento e gesto é responsável por dar ritmo na apresentação, cada detalhe ajuda a trazer ainda mais forte o significado que ela carrega. O jogo de imagens ajuda a dar significado ao texto e destaque aos artistas e suas falas.

O sonho, uma profecia, é o que guia a peça, onde três diferentes povos precisam entender, compreender e decidir quais caminhos e decisões tomar. O passado e o presente são abordados na narrativa, uma vez que as escolhas do passado têm influência no futuro e ajudam a compreender o presente.

Idealizada por Juliana Gonçalves, a produção consegue trazer um novo olhar para os palcos, baseada na obra de Daniel Munduruku “O Karaíba: uma história pré-Brasil”, o espetáculo que estreou nos palcos curitibanos é uma forma de  reconhecer a identidade dos povos indígenas de forma respeitosa e consciente.

“Choveu Flores, recepção incrível da galera de Curitiba! Já queremos voltar ano que vem”, foram essas as palavras do ator Danilo Canindé. Todos os artistas estavam muito felizes, agradeceram o público, plateia e, principalmente, os responsáveis por estarem no festival: produtora, diretor, iluminador e som e toda equipe técnica.

Mostrando que o festival busca trazer inclusão, assim como na peça Karaíba, nos dois dias de apresentação, Sirlene Matos, intérprete de sinais, acompanhou os artistas nas apresentações. Em um gesto lindo, no final das apresentações, além das palmas comuns, o público repetia as palmas em sinais de libras.

Por Maria Pohler, estudante de jornalismo da Universidade Positivo, em parceria com a BandNews FM Curitiba

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Frederico Machado

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