A líder do Podemos, deputada Renata Abreu, afirmou que soube da troca de partido de Sergio Moro pela imprensa. A deputada federal não escondeu o descontentamento com a escolha do ex-juiz, que assinou ontem (31) a filiação ao União Brasil, partido criado a partir da fusão entre DEM e PSL. A presidente do Podemos afirma que tanto a Executiva Nacional quanto os parlamentares da legenda foram surpreendidos pelo anúncio, “sem sequer uma comunicação interna do ex-presidenciável”.

O ex-juiz federal Sergio Moro se manifestou por meio de nota e disse que aceitou o convite de filiação ao União Brasil para facilitar as negociações do centro democrático. Segundo ele, a intenção é viabilizar uma candidatura presidencial única para fazer frente a Lula e Bolsonaro. Até o momento, nenhuma candidatura da chamada terceira via deslanchou.

Para o cientista político e colunista da BandNews FM, Fernando Schuler, o Brasil caminha cada vez mais para uma polarização:

Sergio Moro havia se filiado ao Podemos em novembro do ano passado, em um grande evento em Brasília, e desde então estava em pré-campanha pelo partido. A presidente Renata Abreu reconheceu que o grupo “não tem a grandeza financeira daqueles que detém os maiores fundos partidários”. No entanto, ponderou que “o projeto de um Brasil justo para todos vale mais do que o dinheiro”. A deputada concluiu a nota oficial afirmando que o Podemos jamais mediu esforços para garantir uma pré-campanha presidenciável “robusta”.

Se a saída de Moro causou desconforto no Podemos, no União Brasil a recepção não foi unânime. A chegada do ex-juiz aos quadros do partido divide opiniões entre os principais dirigentes. O secretário-geral da legenda, ACM Neto, divulgou uma nota ontem (31) à noite, assinada por outros sete vice-presidentes, na qual diz não admitir a candidatura do ex-juiz à presidência. O grupo afirma estar disposto a ajudar Moro a construir uma candidatura em São Paulo, possivelmente para o Congresso.

Reportagem: Angelo Sfair.