O juiz Sérgio Moro aceita denúncia contra Lula e torna o ex-presidente réu pela segunda vez em processos que tramitam na Justiça Federal do Paraná. Além do petista também vão ao banco dos réus a ex-primeira-dama Marisa Letícia, o ex-ministro Antônio Palocci, o ex-presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e outras quatro pessoas. Lula, assim como os oito réus desta nova ação penal relacionada à Operação Lava Jato, deve responder criminalmente por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

No despacho que aceita a denúncia, Moro aponta que o Ministério Público Federal acusa Lula de ter “participado conscientemente do esquema criminoso, inclusive tendo ciência de que os Diretores da Petrobrás utilizavam seus cargos para recebimento de vantagem indevida em favor de agentes políticos e partidos políticos”.

A denúncia dos procuradores é divida em dois focos principais. O primeiro deles seria a compra, por parte da Odebrecht, de um terreno onde seria construída uma nova sede para o Instituto Lula. Segundo o despacho, “como parte de acertos de propinas destinadas ao Partido dos Trabalhadores em contratos da Petrobrás, o Grupo Odebrecht teria oferecido ao ex-presidente vantagem indevida, de cerca de doze milhões de reais”.

Outro foco de investigação é a compra de um apartamento vizinho ao do ex-presidente Lula, em um prédio de São Bernardo do Campo, em São Paulo. O petista mora no apartamento 122, mas investigações apontam que ele também é beneficiário do apartamento 121. A denúncia do Ministério Público Federal diz que a compra deste segundo apartamento foi realizada pela empreiteira Odebrecht. O valor rastreado por depósitos bancários é de 504 mil reais e foi pago por intermediários.

Nas planilhas do Setor de Operações Estruturadas – o “setor de propinas” – da Odebrecht, estariam retratados a operação de aquisição do imóvel para o Instituto Lula e os pagamentos relativos ao apartamento 121. As informações constam na planilha apreendida com o nome “Posição Programa Especial Italiano”. Segundo a força-tarefa Lava Jato, Italiano é uma referência ao ex-ministro Antônio Palocci.

Esse é o segundo processo em que Lula passa a responder criminalmente na Justiça Federal do Paraná.