A liberação dos dois navios iranianos parados desde junho no Porto de Paranaguá, no Paraná, agora só estaria dependendo de arranjos operacionais. As embarcações precisam entrar no cronograma da Petrobras para receber combustível e deixar a área portuária. Toda a operação é cercada de sigilo, inclusive no processo judicial que resultou na determinação do Supremo Tribunal Federal para que a Petrobras abasteça os navios.

Até o final da tarde desta quinta-feira (25), a estatal ainda não havia confirmado ter sido notificada. Mesmo assim, agentes portuários iniciaram uma movimentação para garantir o fornecimento do combustível. A expectativa é de que os navios sejam abastecidos nesta sexta-feira (26). Contrariando um pedido da Petrobras, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, manteve liminares do Tribunal de Justiça do Paraná favoráveis à empresa exportadora brasileira responsável pelas embarcações que trouxeram ureia do Irã e devem voltar carregadas com milho. 

No único trecho do despacho que foi divulgado, Toffoli afirma não haver risco de lesão aos interesses relacionados à soberania nacional, à ordem administrativa e à economia. A Petrobras alegava que poderia sofrer retaliações dos Estados Unidos caso abastecesse os navios. O governo brasileiro temia desagradar Donald Trump, que reativou sanções econômicas ao país persa.

Na escala dos práticos do Porto de Paranaguá, que é ajustada diariamente, há previsão de saída de um dos navios nesta sexta-feira (26) e de outro, no sábado (27). O primeiro navio a deixar a área deve ser o “MV Termeh”. A planilha dos práticos prevê a saída para as 19h desta sexta-feira, com destino ao Porto de Imbituba, em Santa Catarina, onde o navio será carregado com cerca de 60 mil toneladas de milho a granel. A outra embarcação, a “MV Bavand”, que já está carregada com 48 mil e quatrocentas toneladas de grãos, teve o plano de partida transferido para sábado (27), às 21h. O destino dos dois navios é o Porto Bandar Imam Khomeini, no Golfo Pérsico.

O impasse das últimas semanas colocou em risco a parceria comercial entre o Brasil e o Irã, que é o terceiro maior importador de carne brasileira. Neste ano, dez navios de bandeira iraniana foram carregados no Porto de Paranaguá com milho e farelo. Ao todo, 32 embarcações de diversas bandeiras levaram milho, farelo e açúcar para o Irã. De janeiro a junho deste ano, Paranaguá exportou 1 milhão, 870 mil toneladas de produtos para o Irã, o que gerou uma receita de 422 milhões e 300 mil dólares. O país persa ocupa a 17.ª posição de um total de 196 países para onde o Brasil exporta carga por Paranaguá.

Reportagem: Lenise Klenk