Mercado de trabalho continua reproduzindo desigualdade racial
É o que revela dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua
Mais de 30% da população paranaense é negra. O Estado lidera a proporção da população na região sul, seguido por Rio Grande do Sul (22,7%) e Santa Catarina (22,1%). Hoje, 20 de novembro, é lembrado como o Dia da Consciência Negra, instituído em 2011 para reforçar a luta dos negros contra a opressão no Brasil.
Apesar dos avanços e políticas públicas, dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, do IBGE, detalham que o mercado de trabalho continua reproduzindo desigualdades de raça. Tanto à inserção quanto às possibilidades de crescimento
No Paraná, por exemplo, mulheres negras recebem cerca de 30% menos do que as não negras. Já os homens negros recebem 50% menos do que os não negros. E o padrão se repete quando analisamos a população negra em cargos de gerência e direção: apenas 1,6% das mulheres e 5,1% dos homens estão nestas posições.
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Para o membro do Núcleo de Estudos em Educação e Relações Étnicas, da PUCPR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná), Sérgio Luis do Nascimento, a desigualdade no mercado de trabalho está ligada ao racismo e não às qualificações profissionais.
Ainda segundo o professor, mesmo em estados brasileiros em que a concentração da população negra e parda é maior, a desigualdade é vista no mercado de trabalho. Por isso, pesquisas como essas são fundamentais para encarar o problema.
No Brasil, quase metade (46%) dos negros estão em trabalhos desprotegidos, ou seja, aqueles que não possibilitam aos trabalhadores contar com a proteção de leis trabalhistas. O DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), que fez a análise dos dados referentes ao 2º trimestre de 2023, argumenta que é necessário amplo trabalho de sensibilização para que políticas públicas sejam desenhadas e implementadas com o objetivo de enfrentar o problema da desigualdade racial.
Reportagem: Mirian Villa