A plateia se comoveu com a exibição de “Vozes de Abrigo”, apresentada pela companhia artística Laica (Cia Laica), nos dias 5 e 6 de abril, nas Ruínas de São Francisco. O teatro de animação, com bonecos, sombras e formas abstratas para encenação, a apresentação, que também é musical, retrata crianças de abrigos contando suas histórias – reais e fictícias – de forma inocente, como é natural na infância.

Entre cada história, é mostrada uma cena de alegria que, supostamente, seria o sonho dos pequenos, simbolizado com fumaça, luzes e canções de ninar. A trama se desenvolve e, ao fim, uma dessas crianças, depois de adolescente, passa a procurar por sua família biológica, mas acaba se frustrando. 

A peça também aborda questões sociais, como o preconceito com crianças em abrigos. O maior sonho delas é não ser invisível. Fábio Nunes Medeiros, diretor da peça, era contador de histórias dentro de abrigos, até que as crianças começaram a querer contar sobre suas vidas também. Assim, ele coletou e adaptou alguns dos relatos, transformando-os em espetáculo.

Paola Kulik, atriz da peça, conta sobre a comoção durante a encenação: “A gente se emocionava muito quando o Fábio trazia as histórias pra gente discutir. Eram histórias muito doloridas, mas depois de ensaiar muito, a gente vai se acostumando”. João Daniel Vidal, também ator, complementa: “De vez em quando, dá aquele arrepio, mas aí o profissional toma conta e a gente segue em frente.”

No final da apresentação, os atores jogam aviõezinhos de papel, com os recados e desenhos das crianças dos abrigos, o que causa ainda mais emoção, além de gerar maior proximidade com o público. “Vozes de Abrigo” foi criada em 2016, a partir de um projeto de extensão, dentro do curso de Artes Cênicas da Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR). Na época, o diretor da peça, Fabio Medeiros, era professor na faculdade e convidou estudantes para atuarem em conjunto.

A reportagem faz parte do projeto especial para o site bandnewsfm feita em parceria com estudantes do curso de Jornalismo da Universidade Positivo. O texto é de Ana Bavutti.