Colunistas // Mirian Gasparin

Embora as empresas familiares representem 90% do total dos negócios brasileiros, apenas 7% chegam até a quarta geração. E este não é um problema que atinge só as nossas empresas. Aliás, os desafios e conflitos de uma família no processo de sucessão de um grande grupo empresarial familiar acabou virando uma série da HBO Max e foi indicada a nada menos do que 25 categorias no Emmy 2023.

Na avaliação do presidente do Conselho da GoNext, que é uma empresa do grupo J.Valério, Eduardo Valério, os processos de sucessão devem ser um exercício contínuo que têm por objetivo equilibrar os interesses da empresa, dos sócios, dos herdeiros e sucessores, bem como cuidar do futuro dos sucedidos.

Eduardo Valério também chama a atenção de que garantir a longevidade da empresa também passa por acompanhar todas as etapas do processo e planejar a atuação de quem está prestes a deixar as decisões de curto prazo para a diretoria executiva e cuidar apenas das decisões de longo prazo, que são fundamentais para sustentabilidade do negócio.

Na ficção Succession, da HBO Max, a falta de um processo planejado de sucessão causou mudanças no quadro societário e no controle do grupo empresarial. E na vida real, quais as consequências para as empresas que não preparam os seus sucessores?

A principal consequência pode ser a mesma da série, ou até pior, que é o fim do negócio. A experiência mostra que na maioria das vezes, a implantação de boas práticas de governança combinada com a preparação correta dos herdeiros e sucessores e a orientação da migração do sucedido para um novo papel são alguns processos fundamentais para garantir a sobrevivência do negócio e também preservar as relações familiares, que muitas vezes ficam abaladas por causa da gestão e controle das empresas.

O presidente do Conselho da GoNext me explicou que uma boa estrutura de governança, com regras e processos claros impede que interesses pessoais dos sócios se sobreponham aos interesses da empresa.

Ainda segundo Eduardo Valério, os processos de sucessão em empresas familiares são complexos porque envolvem a administração da dinâmica empresarial e das relações familiares e, por causa disso, estruturas familiares demandam um diagnóstico preciso e um planejamento sistêmico que proteja todos os atores envolvidos.

Outro ponto crucial para facilitar a transição nas empresas familiares é a capacitação de novas lideranças. O ciclo de maturação e aprendizado pode incluir frentes como cursos, mentorias e atuação em diversas áreas do próprio negócio.  Por exemplo, é possível implementar um programa de treinamento para herdeiros pensado exclusivamente na família e na empresa em questão.