A taxa de analfabetismo da população quilombola do Paraná é quase três vezes maior que à média geral no estado. Os dados são do Censo 2022, atualizados e divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (19). De acordo com o levantamento, a alfabetização do estado para pessoas com 15 anos ou mais alcança 95,69%, enquanto a de pessoas quilombolas na mesma faixa etária está em 87,58%.

Em todo o Brasil, a taxa de analfabetismo do grupo alcança os 18,99%. A coordenadora do Censo de Povos e Comunidades Tradicionais, Marta Antunes, observa que a taxa varia pouco na comparação dos quilombolas que vivem dentro e fora de territórios oficialmente delimitados.

A coordenadora também chama a atenção para o fato de o analfabetismo aumentar entre os quilombolas mais velhos.

Em todo o Paraná, de acordo com o Censo, são mais de sete mil quilombolas residentes em 22 cidades. O gerente de Territórios Tradicionais e Terras Protegidas, Fernando Damasco, aponta que a desigualdade percebida a nível nacional e estadual se repete quando analisados os municípios.

No estado, São Miguel do Iguaçu, no oeste, aparece com taxa de analfabetismo entre quilombolas de 20%, enquanto em Sengés e Palmeira chega a 25% e alcança os 30% em Cantagalo. Na outra ponta, a taxa cai para 9% na Lapa e 3% em Paranaguá. Ainda de acordo com Damasco, tais dados são fundamentais para a elaboração e execução de políticas públicas.

No Paraná, a população quilombola corresponde a menos de 1% dos mais de 11 milhões de moradores do estado. Segundo o IBGE, são 68 localidades quilombolas registradas.

Reportagem: Bárbara Hammes