Número de casos de caxumba em Curitiba, em pleno outono, chama a atenção dos especialistas
O número de casos de caxumba em Curitiba somente nos primeiros quatro meses deste ano chegou a mil e quinhentos, a maioria em adultos, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde. O que chama a atenção é que a doença, que afeta as glândulas salivares, costuma ser mais comum no inverno e primavera e não no outono. A maior frequência pode ser o resultado da ineficácia da vacina, já que muitas pessoas são imunizadas apenas quando criança e, com o tempo, é necessário tomar uma segunda dose para garantir a proteção.
A tríplice viral, que imuniza contra a caxumba, sarampo e rubéola, faz parte das vacinas básicas aplicadas no primeiro ano de vida. No entanto, se a segunda dose não for tomada até aos 29 anos, a proteção fica abaixo dos 80%. O Chefe da Divisão de Vigilância de Doenças Transmissíveis, da Secretaria Estadual de Saúde, Renato Lopes, explica porque isso acontece.
A caxumba pode ser transmitida pelas gotículas de saliva e pela secreção respiratória. Entre os sintomas estão febre e o inchaço das glândulas presentes no pescoço. Podem ocorrer complicações como inflamações de outras glândulas do corpo e a doença pode ainda evoluir para uma meningite. Não existe um remédio específico para o tratamento, somente o repouso e o isolamento. E esta também pode ser uma das causas do alto número de ocorrências no outono em Curitiba, já que os sintomas começam a aparecer somente uma semana depois do contágio e muita gente segue a vida normal nesse período, espalhando o vírus.
A Secretaria Estadual de Saúde não registra todos os casos de caxumba, já que a doença não é de notificação obrigatória, somente os casos de surtos. Neste ano, foram registrados quatro surtos de caxumba, três em aldeias indígenas no interior do Paraná e outro em uma delegacia em Francisco Beltrão, no Sudoeste. Segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde, durante todo o ano passado foram quatro mil e quinhentos casos da doença somente na capital.