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Mirian Gasparin

Negócio atrai atenção de fundos de investimento

 Cresce mercado de reprodução humana assistida

Foto: Reprodução/Pixabay

O mercado de reprodução humana assistida depois de crescer assustadoramente no período de 2011 a 2019, sofreu os impactos da pandemia, como qualquer outro setor. No entanto, a partir deste ano, voltou a apresentar grande demanda, movimentando o concorrido mercado de clínicas de reprodução assistida que, inclusive, passaram a atrair a atenção de fundos de investimento, que veem no setor um negócio bastante próspero.

Só para se ter uma ideia, este mercado deverá movimentar em todo o mundo mais de 27 bilhões de euros, ou o equivalente a R$ 115 bilhões, somente em 2023, com taxas de crescimento de 9% ao ano. 

No Brasil, o número de ciclos de fertilização in vitro passou de 34.623 em 2020 para quase 46 mil em 2021, um aumento de 32%. Além disso, no ano passado, foram registrados 114 mil congelamentos de embriões, ou 29% a mais do que em 2020, de acordo com informações do Sistema Nacional de Produção de Embriões.

Eu conversei com o CEO da curitibana Androlab, que é a clínica pioneira no Brasil em reprodução humana assistida, o executivo, Rodrigo Camargo, e ele me explicou que alguns fatores ligados ao atual contexto social têm impulsionado a procura por tais procedimentos. Por exemplo, muitas mulheres têm postergado a decisão pela maternidade optando pela carreira profissional. O CEO da Androlab me disse que, nesse caso, o que se verifica são mulheres na faixa dos 26 a 28 anos que optam pelo congelamento dos óvulos e quando chegam aos 36 ou 37 anos revolvem levar adiante a gravidez.

Pesquisas apontam que a cada ano, mais de sete milhões de mulheres retardam a maternidade por circunstâncias profissionais e pessoais.

Outros pacientes que têm procurado as clínicas de reprodução assistida são os casais homoafetivos, na maioria formados por mulheres, representando hoje 20% do total.  No entanto, o CEO da Androlab, que está no mercado de saúde há 18 anos, prevê que os procedimentos para reprodução humana assistida em casais homoafetivos devem aumentar ainda mais nos próximos anos.

Há também casos de pacientes com câncer, que antes de se submeterem à quimioterapia optam pelo congelamento do óvulo ou do esperma.

Em relação aos preços dos procedimentos, Rodrigo Camargo me explicou que embora altos, estão mais acessíveis do que dez anos atrás, comparativamente em dólar. E isso foi possível porque com o aumento da demanda, os insumos são comprados em maior quantidade, o que permite a redução dos preços.  

De acordo com o CEO da Androlab, este é um tratamento 100% particular, mas existe uma tendência à popularização. A própria clínica de Curitiba que está neste mercado há 46 anos e é pioneira em reprodução humana assistida está tentando com dois bancos a criação de um financiamento específico para que casais com um poder aquisitivo menor possam realizar o sonho de ter um filho.

Eu perguntei a Rodrigo Camargo se diante de um mercado concorrido há grandes diferenças de preço cobrado pelas clínicas, e ele me informou que não. É claro que as clínicas de São Paulo trabalham com preços mais elevados neste tipo de procedimento, mas em Curitiba, o diferencial oferecido para conquistar os pacientes está nos serviços oferecidos.

Mirian Gasparin

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