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Mirian Gasparin

Alta do ouro e do dólar influenciam o mercado

 Cresce demanda por joias de segunda mão

Foto: Reprodução

Em tempos de crise econômica, as joias pessoais passaram a ser vistas como ativos financeiros por um número maior de pessoas, seja para investimento ou no pior dos casos, para saldar dívidas. E neste contexto, os negócios envolvendo a compra e venda de joias de segunda mão, relógios de luxo e peças de joalherias de grifes têm movimentado o mercado do ouro.

Eu conversei com o empresário Gabriel Aron Mazuz, que é sócio da Vecchio Joalheiros, que há mais de 50 anos é uma das maiores referências do país em joias e relógios de luxo, sendo pioneira em comprar, trocar e vender peças adquiridas de coleções particulares e, agora, em promover a cultura de segunda mão. O empresário me contou que o período de pandemia deu um impulso maior ao mercado de joias de segunda mão. Segundo ele, impedidos de viajar pelo mundo e de gastar em restaurantes finos e lojas de grife, em função das restrições impostas pela pandemia, os consumidores de classe A viram na compra de joias de segunda mão, através de leilão, uma boa alternativa de negociação.

A alta dos preços do ouro não é o único item que tem pesado na hora da compra ou venda de joias de segunda mão. Existem outros fatores, como a raridade da peça, a coleção e se tem ou não pedras preciosas. Aliás, o empresário me explicou que este movimento tem impulsionado algo além dos negócios, como o fortalecimento da cultura second hand, ou segunda mão.

Gabriel Mazuz me informou que a procura por serviços de compra de joias subiu, este ano, 45%. Já o crescimento das vendas aumentou 26%. Só para se ter uma ideia, só em 2021, o faturamento do mercado brasileiro de joias, aumentou 20% em relação a 2020, atingindo a marca de US$ 4,5 bilhões ou quase R$ 23 bilhões, segundo dados do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos.

As cotações do dólar influenciam diretamente na cotação do metal. Por exemplo, dias antes da declaração pandemia, mais precisamente no dia 6 de março de 2020, o grama do ouro cotado na Bolsa de Mercadorias e Futuros era cotado a R$ 241,00. Um mês depois que o mundo inteiro parou, o grama do ouro pulou para R$ 330, uma alta de 25%. Depois de algumas oscilações nestes dois anos,   hoje, o grama do metal está valendo R$ 282.

Eu perguntei ao empresário sobre o valor de peças de ouro de segunda mão fabricadas por grifes famosas e ele me disse que diante da boa demanda, as pulseiras de ouro da Cartier valorizaram entre 30% e 40%, o mesmo ocorrendo com as peças da Tifany. Já os anéis de segunda mão da Bvlgari subiram 50% e desapareceram do mercado. Para concluir, o sócio da Vecchio faz questão de destacar que o mercado de luxo tem entendido cada vez mais que a circulação de uma joia cara tem benefícios econômicos e ambientais. Para a nova geração, principalmente, diminuir impactos é tão ou mais valioso que a exclusividade de uma peça. Ainda segundo o empresário, as grandes coleções assinadas continuarão fazendo um ótimo trabalho, mas devem surgir mais empresas especializadas em atender quem busca passar adiante suas joias.

Confira a coluna em áudio:

Mirian Gasparin

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