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Mirian Gasparin

Concentração do e-commerce em grandes portais preocupa varejistas do setor

 Materiais de construção enfrentam série de desafios

(Foto: divulgação)

O setor de materiais de construção, que conta hoje em todo o País com 140 mil varejistas e cerca de mil atacados dos mais variados tamanhos, precisa se reinventar se quiser continuar crescendo. É evidente que algumas lições foram aprendidas na pandemia, pois as mudanças comportamentais dos consumidores, mudaram as formas de se relacionar com os clientes. No entanto, as novas configurações do mercado exigem adaptações para vencer os desafios e manter a cadeia em funcionamento.

Nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, o varejo de materiais de construção concentra, há muitos anos, as vendas no físico e no digital. Já aqui no Brasil o segmento é pulverizado. Porém, isso tende a mudar, na avaliação de empresários e executivos do atacado e varejo da construção civil de diversos estados brasileiros, que participaram recentemente de um evento promovido pela empresa gaúcha Atlas, que está no mercado há mais de 50 anos, e integra a holding Inbetta.

Agora, um dos pontos que tem preocupado o varejo de materiais de construção, é a concentração do comércio eletrônico em grandes portais, pois a loja física ao perder o papel de conversão de vendas acaba se transformando em apenas um showroom. Aliás, o sócio da Accenture, que é uma empresa focada em soluções de suprimentos e logística, Renato Ribeiro, faz questão de destacar que uma loja tem três papéis, que são a inspiração, experimentação e vendas. Dessa forma, o desafio que existe no varejo físico é o de como fazer a loja continuar convertendo, diante de um fluxo menor de consumidores.

E esse não é o único dilema, apontado pelo executivo. Segundo ele, há ainda a ameaça de desintermediação da cadeia. Ou seja, as plataformas criaram um hiato entre o varejo e a indústria e possibilitaram o atendimento direto ao público final a partir da própria indústria, como por exemplo, a MadeiraMadeira, que opera sem estoque, fazendo a entrega direta sem passar por um distribuidor ou um varejista. Esta situação, de acordo com o sócio da Accenture, é um caminho, mas pode gerar o risco de queda de margem para os negócios.

As redes associativas de materiais de construção estão ganhando espaços mundo afora, como na França, Alemanha Estados Unidos e no Canadá, países que praticam o associativismo há mais de 150 anos. Como está o movimento de associações no Brasil?

O fenômeno associativo chegou ao Brasil há apenas 20 anos. Mas este movimento pode ser uma solução para a perpetuação e crescimento do varejo independente do segmento de material de construção. Aliás, dados da Federação Brasileira de Redes Associativistas de Materiais de Construção, criada em 2017, apontam para a existência de aproximadamente 80 redes associativas no segmento de materiais de construção no Brasil. Destas, 31 são filiadas à federação, o que representa mais de 1.300 lojas, ou 1% do total de lojas do segmento. É um percentual pequeno, mas a tendência é de crescimento.

Mirian Gasparin

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