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Mirian Gasparin

De cada 100 negócios, só 30 sobrevivem à 1ª e 2ª geração

 Sucessão é o maior desafio das empresas familiares

Foto: Reprodução/Pixabay

As empresas familiares, que hoje representam 90% de todos os negócios no Brasil, enfrentam grandes desafios, mas sem dúvida alguma, o maior deles é a sucessão. Só para se ter uma ideia, de cada 100negócios familiares, apenas 30 sobrevivem à sucessão entre a primeira e a segunda geração e só cinco chegam à terceira geração.

Eu conversei com a consultora de Famílias Empresárias e Empresas Familiares, Claudia Tondo, e ela me explicou que a mentalidade do fundador de uma empresa familiar e dos representantes da segunda geração é muito diferente. Segundo ela, o fundador vê a empresa como se fosse a sua própria pele, fica preso ao negócio e, quase sempre, não tem tempo para a família. Por sua vez, a segunda geração representada pelo filho, que já cresceu com a ausência do pai que sempre estava atarefado, vai criando a imagem de que dirigir a empresa não é tão bom assim e também por que não criou um vínculo forte com o estabelecimento.

Para evitar que erros aconteçam, o ideal é preparar a sucessão, que pode demorar, segundo Claudia Tondo, de 6 a 10 anos, período necessário para a transmissão de valores, absorção da cultura empresarial, para conhecer os bons clientes e fornecedores e ganhar o respeito dos bancos.   

De acordo com a consultora que trabalha neste mercado há quase 30 anos, as empresas familiares e famílias empresárias precisam estar conscientes de que, se quiserem continuar, têm que alinhar sonho e propósito, comunicar-se de maneira cada vez mais eficiente e reforçar as estruturas de governança. Claudia Tondo me disse que a sintonia natural que existe entre os fundadores e integrantes da primeira geração costuma ser alterada com o ingresso dos sucessores. Por isso, as sugestões precisam ser levadas em consideração.

O ideal é que a sucessão ocorra quando o fundador da empresa e o sucessor ou sucessores estão bem e nunca em caso de morte, assalto, sequestro, acidente, ou outros problemas. A consultora alerta que as empresas familiares sofrem muito quando há gatilhos como, por exemplo, a morte do líder da empresa. Todas as empresas vão passar por isso e é preciso que estejam preparadas para enfrentar os desafios que virão. Ela lembra que no acidente com a aeronave da TAM, que decolou de Porto Alegre com destino a São Paulo, 15 anos atrás, havia entre as vítimas, vários fundadores e sócios de empresas familiares bem sucedidas. No entanto, com o tempo e sem uma sucessão preparada, vários desses negócios não resistiram e acabaram falindo.

Nesse sentido, a consultora me explicou que implantar uma governança é importantíssimo para que o processo de sucessão nas empresas familiares aconteça de maneira transparente e amigável. Se as empresas não tiverem uma sucessão planejada, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte, ficam mais vulneráveis a passar por situações de crise e podem até chegar ao ponto de decretar falência.

Concluindo, Claudia Tondo admite que a área de sucessão familiar nas empresas mudou bastante nesses últimos anos. Há três décadas, a maioria das sucessões ocorria apenas em caso de morte do fundador da empresa. Hoje, já se sente um ambiente diferente, existe mais conhecimento sobre o tema, no entanto, ainda é necessária uma evolução maior.

Confira abaixo a coluna em áudio:

Mirian Gasparin

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